sexta-feira, 25 de julho de 2008

COMO É A CIDADE DE SÃO PAULO?

No dia 05.07 inciamos uma discussão um pouco mais ampla sobre a cidade de São Paulo, já que até então, vinhamos trabalhando questões relacionadas principalmente ao distrito de Itaquera.

O encontro nos permitiu saber de cada participante, quais são suas impressões e idéias sobre a cidade. Isso nos levou também a discutir questões interessantes, como por exemplo, as principais diferenças entre o local onde os participantes moram e a cidade - principalmente o centro.

Algumas questões a respeito de SP que foram apontadas:

1) lixo - segundo a Leia, a cidade é muito suja.

2) SP é o berço do Brasil - para o Minervino, é aqui que tudo começa.

3) centro ≠ periferia - Vladimir apontou muito bem essa questão da diferença entre as áreas mais afastadas da cidade, em relação ao centro.

A partir daí, passamos a refletir sobre cada uma destas observações.

1) Sobre o problema do lixo, relembramos encontros anteriores onde este tema foi discutido, como na participação de integrante do Grupo ALMA.

2) A idéia de São Paulo como berço do Brasil, foi um ponto muito importante para a compreensão do processo de formação de São Paulo, e que de certa forma, teve papel fundamental na constituição cultural e territorial da cidade. Esse assunto, que trata da importância da mão-de-obra estrangeira no desenvolvimento da econômico de SP, já foi bastante discutida nos encontros anteriores, já que a vinda de parte dessa população também faz parte do desenvolvimento de Itaquera - principalmente os japoneses.

A partir disso, fizemos em sala uma "divisão territorial" da cidade, que ficou da seguinte forma:

Brás: italianos primeiro / atualmente devido ao perfil do comércio da região – confecções – o local é moradia de Coreanos e Turcos.
Liberdade: Japonês (hoje)
Bom Retiro: Judeus e Árabes
Imirim: Bolivianos (hoje)
Bexiga: Italiano (hoje)
Ipiranga: Português
Centro Velho: Nigerianos (hoje)

Além disso, foi ressaltado que:

∙ A periferia de SP, nas "bordas" do município, é composta principalmente por indivíduos provenientes da região nordeste do país.

∙ Os Ingleses vieram para o país para a construção da linha férrea mas não chegaram a ocupar em grande quantidade uma área ou bairro na cidade. Eles migravam de acordo com a expansão da linha férrea.

3) A diferença entre o centro e a periferia existe, principalmente se pensarmos na infra-estrutura. Essa questão foi muito bem apontada pelo participante Vladimir e nos permitiu fazer com que todos os demais integrantes do grupo pensassem a respeito. A partir disso, montamos o seguinte esquema com os principais tópicos, sempre do ponto de vista do centro da cidade para a periferia:

1) teatro/cidade (lazer) - diferença entre os equipamentos disponível, não só em quantidade como também na qualidade e porte;

2) saúde - mais equipamentos disponíveis (na periferia há necessidade de locomoção);

3) comércio - maior variedade de comércio e serviço;

4) poder aquisitivo - mais alto (a periferia exige menos no que diz respeito a moradia - relação com o tópico 5);

5) serviço/trabalho - concentrados no centro (os bairros da periferia se tornam dormitórios);

6) custo de vida - tranposte público mais acessível e mais próximos dos empregos;

7) ruas pavimentadas - melhor estrutura;

8) investimentos - chegam primeiro e com mais velocidade.

No dia 12.07, exibimos algumas imagens para contar a história da cidade de São Paulo, que fazem parte de um curto roteiro no centro: o Triângulo que liga as ruas Boa Vista (da Praça da Sé até o mosteiro de São Bento), Líbero Badaró (do mosteiro e do metrô São Bento até o Largo São Francscico) e a Benjamim Constant (que liga o Largo São Francisco a Praça da Sé).
Neste pequeno percuso podemos aprender muito sobre o nascimento da cidade e seu dessenvolvimento econômico, expressos na arquitetura e nas instituições ali localizadas.
Iniciamos pelo Pateo do Colégio, que marca a fundação da cidade pelos Jesuítas. A igreja atual passou por várias reformas.

Dentro, um quadro no café mostra em detalhes como era a cidade em meados do século XIX: a Várzea do Carmo, o Gasômetro e as antigas construções.








E, nos fundos, temos a mesma vista HOJE!


Aliás, a rua chama-se Boa Vista porque era uma atrativo para as famílias aos finais de semana ver a Várzea do Carmo, quando estava cheia (repare as partes em azul claro no quadro). Na seca, (e já no século XX) o terreno era usado para as partidas de futebol de operários, e daí "futebol de várzea". Que nome se daria hoje à rua?

Ainda no Páteo, temos idéia das transformações vividas pela cidade através da arquitetura:














Seguindo pela Boa vista (conhecida também como a rua dos bancos - primeiro centro financeiro da cidade), chegaremos até o mosteiro de São Bento, outro ponto turístico bastante visitado (pelo lado de fora) da capital:


Voltando pela Líbero Badaró, em direção ao Largo São Francisco - onde se localiza a primeira faculdade de direito (e até hoje tradicional) da capital -, entramos nas ruas internas ao triângulo. Aqui encontramos, por exemplo, um edifício que é a bandeira do estado de São Paulo:


E que tal o primeiro prédio com projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer na cidade de São Paulo com direito a mural (hoje bastante deteriorado) de Di Cavalcanti? Eis o Edifício Triângulo:







Como podemos ver, um curto passeio pelo centro da cidade pode nos mostrar marcas do seu nascimento, da influência da religião católica, do desenvolvimento artístico, econômico (café) e cultural na arquitetura, assim como da rápida transformação por que passa São Paulo, provocando significativas mudanças nas noções de Espaço e Tempo das pessoas que aqui habitam. Mudanças visíveis hoje também nos bairros populares, como discutido em encontros anteriores.

Outros hábitos, no entanto, permanecem. Flagramos, por exemplo, a existência de uma horta cuidada por garis num dos raros espaços livres do centro (vista da Boa Vista):

Continua também o comércio ambulante, que desde 1850 procura espaço nestas ruas movimentadas e se defronta com o poder público (a eterna busca do sustento!).

Da mesma forma que buscamos na cidade as marcas de seu desenvolvimento e da sua identidade, podemos olhar para nós mesmos e para nosso bairro para buscar a nossa identidade e a relação desta com o todo (os outros, a cidade e o país)!

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fotos: por João Paulo Fagundes Ledo em aula de campo de Antropologia, em 2006.

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