segunda-feira, 19 de maio de 2008

QUAL SUA IDENTIDADE?

Construir um blog é fácil, em cinco minutos você já tem ele pronto, na sua preferência. Mas o que publicar num blog?
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Por isso, o Projeto Identidade em Rede trabalha a criação, o conteúdo. A nossa sugestão de conteúdo é a reflexão a cerca dos assuntos locais, desde o histórico do bairro, passando pela relação do morador com o bairro até os assuntos de seu cotidiano. Para trabalhar estes temas, procuramos incentivar o desenvolvimento de conteúdos através de reflexões orientadas por "perguntas-temas". Estas são perguntas simples, mas pouco utilizadas no dia-a-dia dos participantes. O conteúdo produzido nestas discussões serão aproveitados para publicação no blog coletivo.

Desse modo, cada participante desenvolve a identidade, individual e coletivamente, e ao mesmo tempo, um pensamento crítico a respeito da realidade social na qual estão inseridos, desenvolvendo também a reflexão conjunta, o sentido de comunidade e, assim, “chegar a uma autopercepção realista de suas próprias características, potenciais e limitações, superando falsas identidades outorgadas de fora, e atravessando as tempestades em que se alternam excesso e ausência de auto-estima”.(EVERS,1984: p.18)

Abaixo você tem a programação de perguntas-temas e um resumo das discussões. Infelizmente, não é mais possível matricular-se na oficina, mas todos podem participar das discussões. Consulte temas e datas e fique a vontade para participar!
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15.03
Qual sua identidade?
- Introdução e apresentação. Impressões e expectativas.
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29.03, 12.04 e 19.04
Por que você mora neste bairro?
- Exposição dos motivos de cada participante para a vinda ao bairro e o vínculo de todas as histórias com a história do país.
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26.04 e 10.05
Como é o seu bairro?
- Percepção dos participantes quanto a aspectos positivos e negativos do bairro e de infra-estrutura. Associação com dados oficiais e apresentação de gráficos e mapas georreferenciados como complemento às respostas dos participantes.
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17.05 e 31.05
Por que seu bairro é assim?
- Percepção sobre a realidade local e a história do bairro nas dimensões espaço e tempo. Exposição do histórico de investimentos públicos no bairro e bate-papo com liderança comunitária.
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07.06 e 14.06
Como é a escola que você e/ou seus filhos estudam e como você gostaria que ela fosse?
- Percepção dos participantes sobre os aspectos estruturais e organizacionais; preferências e carências; e investigação do conteúdo estudado. Discussão: a importância da educação e do espaço público para a formação da identidade/cidadania.
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21.06 e 28.06
Como você gostaria que seu bairro fosse?
- Exposição sobre a realidade local e do que os participantes sentem falta (citando as aspectos estruturais). Exemplos de outros bairros: como supriram necessidades semelhantes?
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05.07 e 12.07
Como é a cidade de São Paulo?
- Descrição dos aspectos positivos e negativos, inclusive com a citação de localidades para exemplificar. Constraste de investimentos - estrutura e IVJ - entre o bairro e a cidade.
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19.07 e 26.07
Qual sua identidade?
- Retomada das questões anteriores e do conteúdo produzido pelos participantes. Traçar um perfil da identidade individual e coletiva. Quais as percepções e perspectivas hoje?
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02.08
Encerramento: o que posso fazer para que meu bairro seja como desejo?
- Discussão livre passando pela finalidade dos blogs a partir do final da oficina, entrega do blog com todo o conteúdo desenvolvido.
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A partir de agora, iniciaremos a postagem do conteúdo produzido nas discussões.
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referência: EVERS, Tilman. Identidade: a face oculta dos novos movimentos sociais. Novos Estudos Cebrap, nº 4, 1984.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Início: Motivações e Perspectivas

Com esta postagem estamos iniciando a construção do blog coletivo do 1º grupo do Projeto Identidade em Rede: a Oficina de Blog Dom Bosco II, projeto elaborado pelos sociólogos voluntários João Paulo Fagundes Ledo, Júlio Henrique Canuto da Silva, Leonardo Ortolani André e Roberto Luiz Tristão de Souza. O objetivo geral do Projeto é promover a cidadania e o autoconhecimento a respeito da Identidade, em nível individual e coletivo, através de oficina de blog, proporcionando a formação de consciência crítica sobre a realidade social e o espaço público, além de objetivar a geração de multiplicadores para a ação.

No menu (do lado esquerdo) há o e-mail do projeto - que deve ser usado para contato com a coordenação -, seguido do endereço dos blogs individuais dos participantes da Oficina, e mais abaixo os elos (links) úteis para os objetivos da oficina.

A Oficina de Blog iniciou suas atividades em 15 de março de 2008, no Telecentro Dom Bosco II, dentro da Obra Social Dom Bosco, localizado à R. Dr. Alvaro de Mendonça, 456, em Itaquera, zona leste da cidade de São Paulo. Antes, porém, de falarmos sobre o andamento da oficina, vamos expor as motivações para a realização do projeto.

MOTIVAÇÕES
Baseados no Índice de Vulnerabilidade Juvenil da capital paulista, da Fundação SEADE, publicado em maio de 2007 - estudo de domínio público que serve de referência para ações públicas e privadas que têm como horizonte promover um crescente processo de pacificação e resgate da auto-estima de adolescentes e jovens - constatamos que embora haja uma melhora no indicador nos ultimos anos, sobretudo nas áreas mais pobres da cidade, alguns fenômenos ainda tem alta ocorrência (como a exposição do contingente juvenil à violência urbana) enquanto outros melhoraram em quantidade mas ainda pouco em qualidade (como a inclusão de jovens no sistema educacional).

Entendemos que na tentativa de intensificar o processo de reversão dos índices negativos, a educação assume papel fundamental, ainda mais se, ao lado da educação formal – que de acordo com o IVJ tem melhorado no que se refere à inclusão dos jovens – experimentarmos uma forma complementar que traga o conhecimento da realidade local, estimulando a reflexão da história de vida do participante e de sua família, com intensa utilização dos meios digitais de comunicação e informação.
Assim, durante o ano de 2007 foi elaborado o Projeto Identidade em Rede, que desenvolveu como proposta esta forma complementar de educação, que parte de questionamentos simples, mas pouco explorados no dia-a-dia, de forma a promover a descoberta, pelos próprios participantes, de sua identidade, individual e coletivamente, assim como desenvolver um pensamento crítico a respeito da realidade social na qual estão inseridos, por meio da exposição de dados sociais sobre o bairro e/ou região retirados de fontes seguras de pesquisa, exploradas em encontros semanais, com discussão entre participantes e estímulo para a conversa com os familiares e vizinhos, a fim de desenvolver a reflexão conjunta, o sentido de comunidade e, assim, “chegar a uma autopercepção realista de suas próprias características, potenciais e limitações, superando falsas identidades outorgadas de fora, e atravessando as tempestades em que se alternam excesso e ausência de auto-estima[1]. (EVERS,1984: p.18).

Esta forma de aprendizado tem como fundamento a formação crítica independente de preferências partidárias ou religiosas, e representa um tipo específico de aquisição de conhecimento, que vem acompanhada da reflexão crítica sobre o mesmo, com o objetivo de formar sujeitos que vivam as duas dimensões da liberdade, isto é, a inserção na sociedade e sua crítica simultânea, que são também os fundamentos básicos para a construção e pleno exercício da cidadania, com valorização do espaço público e do cotidiano vivido.

Neste contexto, os recursos digitais de comunicação apresentam-se como uma extensão do espaço público, onde, além de entretenimento, o cidadão pode adquirir informação atualizada, comunicar-se com outros cidadãos, expor idéias e trocar experiências culturais, potencializando suas ações como agente transformador do ambiente, seja através do contato com as instituições públicas, movimentos sociais, ou através da montagem de sites e blogs.

PERSPECTIVAS
Embora de início o projeto procurasse por participantes na faixa etária do segundo grau (15 a 18 anos), ao abrir as inscrições notou-se um maior interesse de adultos. Assim, o projeto hoje agrega participantes de variadas faixas etárias. Com isso, a troca de experiências e visões de mundo, assim como as diferentes percepções do bairro, mostrou-se como um importante recurso para a exploração completa dos temas tratados durante as duas horas de cada encontro.

Também a abrangência territorial a que se referem os relatos dos participantes é outro ponto que vem surpreendendo a coordenação do projeto. Além do distrito de Itaquera, há moradores de Guaianazes e José Bonifácio. Nestes primeiros dois meses de atividades trabalhamos duas perguntas-temas: "Por que você mora neste bairro?" e "Como é o seu bairro?". Para a primeira questão, os relatos dos participantes foram vinculados com a história do país. Destaca-se neste contexto o incentivo à migração como impulsionador do processo de industrialização do país, iniciado nos anos de 1930, e as conseqüências deste processo, como a insuficiência de habitações. Para a segunda questão, os relatos dos participantes foram complementados com a exposição de números oficiais, através de gráficos e mapas, de modo a ilustrar os pontos relatados por eles. Também foram exibidas imagens captadas em aula de rua.

Assim, o projeto já tem uma equipe de participantes definida, que estão interados dos assuntos e que já estão produzindo textos para seus blogs individuais e também para contribuir para alimentar este blog coletivo. As próximas postagens serão estas contribuições, formando assim um novo levantamento de informações sobre o bairro, que será divulgado para os outros canais de informação do bairro, outros blogs e também para a população local, formando uma nova rede de comunicação, onde os agentes-comunicadores fazem parte do contexto investigado.

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[1] EVERS, Tilman. “Identidade: a face oculta dos novos movimentos sociais”; in Novos Estudos CEBRAP. Cebrap, São Paulo, abril de 1984. pp. 11-23